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(Ter, 10 Abr 2018 14:18:00)

REPÓRTER: Diversos aspectos da vida moderna dependem de forma direta ou não do aço. É graças ao produto, por exemplo, que nos comunicamos por meio dos aparelhos celulares; nos locomovemos utilizando bicicletas, automóveis, trens e aviões; recebemos energia elétrica em nossas casas. Também é com o auxílio de utensílios domésticos feitos do aço que preparamos as refeições diariamente.

Além dessas funções corriqueiras, o aço é de grande importância para o mercado financeiro, uma vez que a indústria siderúrgica tem grande influência na economia nacional. Só no primeiro bimestre de 2018, as exportações atingiram 2,4 milhões de toneladas e 1,4 bilhão de dólares. Os dados são do Instituto Aço Brasil.

E para que bons resultados sejam alcançados ano a ano, as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores primários em usinas siderúrgicas são essenciais. São eles quem operam as máquinas, lidam com a matéria-prima e acompanham de perto o processo de criação do aço. É o caso de Ramiro Silvano Filho, controlador de placas, que trabalha na Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais há 31 anos.

SONORA: Ramiro Silvano Filho – Siderúrgico

“Antes eu era operador de equipamento de produção na aciaria onde produzia o aço que ia para ser transformado em placas. Hoje a minha rotina é movimentação de placas. Eu sou controlador. Controlo as placas que vêm das siderúrgicas. (…) Eu era aprendiz do SENAI, prestei o concurso entre milhares de funcionários, de candidatos e entrei através do SENAI. Fui chamado porque na época eu fazia mecânica e fui chamado para o operacional e estou lá até hoje.”

REPÓRTER: Mas como em toda indústria, o trabalho siderúrgico exige cuidados especiais. Isso porque esses profissionais são expostos a altas temperaturas, entram em contato com diversas máquinas e por isso necessitam de equipamentos específicos, que garantam a segurança. O siderúrgico Ramiro Silvano Filho tem consciência dos riscos… 

SONORA: Ramiro Silvano Filho – Siderúrgico

“Normalmente uma siderúrgica trabalha com temperaturas extremas, alta temperatura, em torno de 1500 a 1800 graus. Basicamente a gente se preocupa com o que? Com trabalhar nesses locais com temperaturas altas que podem haver uma explosão, pode haver um acidente, um derramamento de aço líquido… e a gente tem que usar EPIs…”

REPÓRTER: O siderúrgico acredita que a redução dos riscos no trabalho e o funcionamento aprimorado da indústria do setor podem ocorrer caso o diálogo entre empregados e aqueles que administram as usinas seja constante. Dessa forma, as condições de trabalho da categoria podem ser aperfeiçoadas cada vez mais. 

SONORA: Ramiro Silvano Filho – Siderúrgico

“Teria que ter uma aliança. O cara que administra com os trabalhadores. Conhecer. Teria que conhecer o local de cada um trabalhador. A ideia é essa. Como que você pode fazer a gestão de alguma coisa se você não conhece o local onde os trabalhadores vivem o seu dia a dia produzindo? Acho que o caminho seria esse. Você, como administrador da coisa, estar conhecendo, vivenciando as áreas produtivas…”

REPÓRTER: E com o tempo, a convivência e a rotina nas usinas mostram aos empregados o verdadeiro sentido da palavra união. Para Ramiro, mais do que em outros ambientes, o pensamento coletivo nas usinas é primordial para o bem estar e o enfrentamento de eventuais dificuldades.

SONORA: Ramiro Silvano Filho – Siderúrgico

“É uma ajuda mútua. É cada um tentando ajudar o outro. Porque se não for assim, você não tem trabalho, como eu posso dizer… uma rotina que seja feita. Se você não se ajudar, um com o outro, o trabalho não sai. Então o trabalho da siderurgia é bem fundamentado nisso, o trabalho em equipe, um ajudando o outro, senão o trabalho não tem sequência.”

REPÓRTER: E para que a integridade desses siderúrgicos seja garantida, é importante que o empregador esteja atento ao cumprimento das normas de segurança, conforme explica a advogada trabalhista Aparecida Hashimoto.

SONORA: Aparecida Hashimoto – Advogada Trabalhista

“A atividade de siderurgia expõe o trabalhador a riscos, né, a sua saúde, integridade física. Então acho que é muito importante que ele observe as instruções de segurança que o trabalhador vai ter que passar pra ele, né?!. Porque todo trabalhador quando inicia o trabalho, o empregador é obrigado a informar quais são as atividades de risco, quais são os cuidados que ele deve tomar para evitar riscos a sua integridade física, doenças, enfim. Ele deve observar muito bem as instruções, não é todo empregador que faz isso. É uma obrigação legal.”

REPÓRTER: Para que acidentes sejam evitados, o uso do Equipamento de Proteção Individual, o EPI, é indispensável. Macacão com mangas longas, luvas, óculos e capacetes de proteção, protetores auriculares e calçados adequados. Esses são os principais equipamentos que os empregadores devem fornecer aos siderúrgicos. A advogada Aparecida Hashimoto explica que além do repasse do EPI ao profissional, a empresa também deve explicar como os materiais devem ser utilizados. 

SONORA: Aparecida Hashimoto – Advogada Trabalhista 

“O Equipamento de Proteção Individual, na verdade, ele deve ser fornecido pelo empregador quando aquele agente considerado insalubre ou perigoso ele não tem nenhuma forma de o empregador simplesmente eliminar. Porque se ele tiver alguma coisa que ele possa fazer para não existir aquela insalubridade, ele deve adotar primeiro essa medida. O EPI, na verdade, serve pra quando não existe essa possibilidade. Então, você vai entregar o Equipamento de Proteção Individual que é pra evitar ou acidente no trabalho ou que o empregado adquira alguma doença profissional. (…) Não é só você entregar o EPI. Esse EPI tem que estar certificado, tem que ter sido devidamente credenciado por um laboratório que vai fazer um teste, que vai ver a durabilidade.O trabalhador precisa ser instruído sobre a forma de usar, manter higienizado….”

REPÓRTER: Outro direito garantido aos trabalhadores siderúrgicos é o adicional de insalubridade, como explica a advogada Aparecida Hashimoto.

SONORA: Aparecida Hashimoto – Advogada Trabalhista

“A legislação trabalhista ela elenca quais são os agentes que dão direito ao adicional de insalubridade, que podem ser 10%, 20% ou 40%, que é calculado sobre o salário mínimo. Esses agentes, alguns têm limite de tolerância. Calor, por exemplo, tem um limite. Por exemplo, se a atividade é leve, pode ser até 30°C… Pode ter ruído também. Ruído é um agente que pode ser insalubre  (+) Aí, o direito ao adicional vai depender do EPI que é entregue pelo empregador. Se ele reduz essa exposição ao ruído para um índice que não é considerado insalubre.”

REPÓRTER: Além disso, trabalhadores siderúrgicos podem ter direito a aposentadoria especial, a depender da função, do tempo de trabalho e da adequação dos equipamentos de proteção fornecidos pelos empregadores.

SONORA: Aparecida Hashimoto – Advogada Trabalhista

“Aqui no caso da aposentadoria especial vai depender da atividade dele, se essa atividade gera uma exposição a um agente considerado nocivo pela legislação previdenciária.Um exemplo típico de quem trabalha com siderurgia é o calor ao que o trabalhador se expõe. O calor é um pouco difícil você ter EPI adequado pra você evitar essa exposição ao calor acima do limite de tolerância. No caso, por exemplo do calor, pode dar direito à aposentadoria especial de 25 anos. Pra tanto o empregador precisa fornecer um formulário pra ele, que é o PPP, que é o Perfil Profissiográfico Previdenciário, que é um documento que vai ter todo o histórico profissional dele, quais as atividades que ele executou, período de trabalho, os agentes que ele se expôs e os EPIs também que o empregador forneceu.”

 

Reportagem: Filliphi da Costa
Locução: Filliphi da Costa

 

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